sexta-feira, 21 de abril de 2017

Resenha: Ode de Sangue: Memórias Vampirescas

O conto de hoje é Ode de Sangue, escrito por uma das parceiras do nosso blog, Nana Garces, ele pode ser comprado na Amazon, e eu espero, de verdade, que assim com eu, um dia, vocês se permitam ler e aprender com ele.

Nome: Ode de Sangue: Memórias Vampirescas
Autora: Nana Garces
Páginas: 73
Formato: E-book
Editora: Kindle
Ano: 2016
Avaliação Geral: 5/5




Sinopse

Com quase quatrocentos anos, a Vampira Madalena busca a salvação de sua alma vivendo e trabalhando dentro de um monastério católico. Diferente do que parecia natural, essa vampira está acostumada com a religião e seus símbolos. Foi apenas quando se depara com alguém de fé verdadeira que Madalena sente a maldição de sua raça arder sob a pele.

Colocada em uma situação de vida ou morte, ela apenas tem um pedido, que ela possa contar sua vida para alguém, para que sua existência como humana e seu despertar para o dom da noite não desapareça com sua morte.

Narrado em primeira pessoa, Madalena fala um pouco de como era a Itália do séc. XVII, descreve suas dificuldades e suas paixões pela arte, leitura e música. Mesmo antiga, sua humanidade e amor pela raça humana apenas crescem, e é com esse pensamento que Madalena narra sua experiência enquanto mulher e religiosa.


Resenha

Narrado em primeira pessoa, Ode de Sangue, da autora Nana Garces, nos apresenta à Madalena, uma vampira de 400 anos que vive em um monastério-hospital. Ela busca a salvação, apesar de que não acreditar que pode ser salva. A sua vida se resume a uma batalha interna consigo mesma desde que ela recebeu o dom do sangue, ela se sente culpada por ter uma besta sedenta dentro de si, apesar de ter um histórico de sucesso em controlá-la, se alimentando apenas de doentes a beira da morte ou de criminosos que ela julga que merecem morrer, se tornando assim, uma espécie de justiceira.

Apesar de ser uma vampira, ela sempre buscou a Deus desde o começo de sua vida, estamos acostumados com esses seres esbanjando sedução, poder e não se importam nenhum pouco com o seu lado humano (quem já assistiu The Vampire Diaries, sabe bem do que eu tou falando), mas Madalena não tem nada haver com esse tipo de vampiro, ela se culpa pelas mortes que causou, procura manter a sua humanidade viva, tanto que, ao longo da história, presenciamos ela chorar, amar e ter diversas emoções humanas, sem mencionar sua estranha, mas admirável, necessidade de está em contato com a religião, de buscar ser salva.

Logo no começo da história, vemos que ela não tem nenhuma sensibilidade aos objetos cristãos, mas afirma que o segredo não está nos objetos em si, mas em quem os empunha, ela nunca havia encontrado alguém que lhe causasse mal algum, mas quando um padre novo chegou no monastério, ela se viu de frente com alguém que tinha a verdadeira e pura fé capaz de faz mal a um vampiro apenas com sua presença, ela entrega a decisão de sua vida nas mãos desse homem, pedindo apenas uma coisa, que antes que decidisse se iria ou não mata-la, ouvisse a sua história.

A alternância entre o passado e o presente é feita de forma tão sutil que, de forma alguma, prejudica a leitura, e a forma como Madalena narra os fatos é tão detalhada e profunda, que por vezes eu esqueci que ela, na verdade, estava contando a sua história ao Padre. A dura verdade é que mesmo antes de se tornar vampira ela sofreu demasiadamente, mesmo quando procurou refúgio em um monastério há 400 anos atrás, mas também não posso esquecer que ela encontrou o amor também em meio a todo o seu caos interior.

De ante mão, afirmo que shippo e sempre shipparei a Madalena com o seu mentor, seu criador, sério, para vampiros, o amor deles era, e é, tão puro, apaixonados pelo literatura, arte e música, e o mais importante, um pelo outro, acho que é melhor eu parar por aqui, já estou falando demais, mas é que eu não podia fazer uma resenha sem expressar meu amor incondicional por esses dois.

Para finalizar, quero dar os parabéns à autora, fazia algum tempo que eu não lia um livro e ficava tão abalada por ver que havia chegado ao fim. Eu amei a narrativa, o clima tenso e com uma pitada de terror, que, apesar de ser macabro, não dá medo, mas sim, cativa o leitor. Em homenagem aos leitores que assim como eu, fazia muito tempo que não lia um livro com vampiros, afirmo que este vale realmente a pena ler. Eu juro para vocês que não vão se arrepender, tirei, dentre muitas, uma lição importante dessa história: Não importa o quanto o mau nos influencie, nós sempre podemos ser bons, ser melhores, isso é uma escolha nossa e assim como a Madalena escolheu o lado do bem, buscando a redenção, também temos capacidade de fazê-lo.


Frases do Livro
  • Eu não quero morrer sem antes estar no pensamento de alguém. (pág. 15)
  • A escuridão, o silêncio, que para outros poderia ser assustador e perturbador, para mim, era reconfortante. (pág. 19)
  • Ela havia me dado mais do que a vida, ela havia me dado uma forma mais dedicada de aproveitar isto. (pág. 26)
  • O dia foi muito bom, mas é na noite que se escondem os monstros, não é isso que nos ensinam? (pág. 31)
  •  Fui jogada de um despenhadeiro direto para o inferno, era só a desgraça que me esperava, quando morresse. (pág. 34)
  •   Era estranho pensar que no passado eu estaria bem sozinha, quando na verdade tudo o que eu precisava era de alguém que me instigasse a conversar sobre assuntos interessantes. (pág. 35)
  •  Passamos a acreditar que podemos tudo, e se deixarmos nos levar por esse sentimento viramos monstros, bestas. (pág. 44)
  • A morte, em minha época, não era algo tão complicado de se acontecer, mas a dor da perda sempre esteve lá. (pág. 45)
  • A verdade é que eu era um turbilhão de sentimentos. (pág. 48)
  •  Matar para defender, todos fazemos. Humanos fazem isso com outros. Somos bestas quando arranjamos desculpas para os nossos erros e barbáries. (pág. 52)

Resenhado por Amanda Oliveira.

terça-feira, 11 de abril de 2017

Resenha: Galveston


Para a abertura do blog, apresento à vocês o Livro Galveston, do autor Nic Pizzolatto, publicado no Brasil pela editora Intrínseca, em 2015. Pode ser encontrado tanto em formato físico, como em E-book.

Nome: Galveston
Autor: Nic Pizzolatto
Páginas: 240
Formato: Físico
Editora: Intrínceca
Ano: 2015
Avaliação geral: 4/5.





Sinopse

No mesmo dia em que é diagnosticado com câncer no pulmão, o matador de aluguel Roy Cady pressente que o chefe, um agiota e dono de bar que é o mandachuva em Nova Orleans, quer vê-lo morto. Conhecido entre os membros da gangue pelo nada afetuoso apelido de Big Country, por causa do cabelo comprido e das botas de caubói, Roy desconfia de que o serviço de rotina para o qual foi enviado possa ser uma emboscada. E de fato é. Mas consegue inverter os papéis e, após um banho de sangue, escapa ileso.

Além de Roy, só há mais uma pessoa viva no local, uma mulher, e num ato impensado ele aponta uma arma para a cabeça dela e a leva consigo na fuga em direção à cidade de Galveston - uma decisão imprudente e sem volta. A mulher, uma prostituta de 18 anos chamada Rocky, é jovem demais, durona demais, sexy demais - e certamente trará para Roy problemas demais.

Alternando passado e presente, Galveston é um thriller impregnado com o melhor da atmosfera noir. Uma narrativa ágil, permeada de diálogos marcantes e construída com o máximo de tensão, prova do inegável talento literário de Nic Pizzolatto.



 Resenha

Eu conheci o Pizzolatto por Galveston, o livro é narrado por Roy Candy, assassino por natureza, logo no começo da história ele se depara com uma notícia de chocar qualquer um: ele é diagnosticado com um câncer pulmonar e, devastado, dispensa qualquer tipo tratamento e mal deixa o médico acabar de explicar. A vida do Roy sempre foi difícil, abandonado pelo pai ainda criança e com uma mãe suicida, ele passou parte da sua juventude em um orfanato, e acredita que esse é o motivo de fazer o que faz.

Uma série de acontecimentos nos faz entender que ele teve que abrir mão de muita coisa, inclusive de mulheres que ele achava que eram o amor da vida dele. Sua última decepção amorosa, Camren, estava se relacionando com o seu chefe, Stan, e Roy trata isso como um assunto pessoal o fato dele ter "roubado" sua amada.

A trama começa quando Stan contrata assassinos e arma uma cilada para Roy e alguns outros homens, era para ser um assassinato em massa, mais como o Candy é um Jackie Chan da vida, matou todo mundo, deixando viva apenas uma prostituta, Rockie, que estava sendo feita como refém, ele, mesmo sendo um assassino, se sentiu tocado para ajudar aquela moça, e creio que o autor quis passar que por mais ruim que a pessoa seja, ela ainda sim pode se redimir, mesmo que, naquele momento, o personagem não soubesse muito bem o que estava fazendo.

A história foca no Roy e na Rockie e, aos poucos, vamos entendendo a vida de cada um e, juro para vocês, é cada revelação sobre a garota que chegou um trecho do livro que eu tive que reler umas nove vezes para ter certeza que realmente li o que achava que havia lido.

A narrativa é tensa e cheia de suspense, prende totalmente a atenção do leitor, sem falar na maneira implícita que o autor mostra como a vida de qualquer um pode mudar, se ele quiser. O livro consiste em divisões: Antes e Depois. A maneira como o Nic alterna perfeitamente o tempo sem deixar nenhum prejuízo para o entendimento é uma verdadeira tacada de mestre.

A minha única reclamação do livro é a forma como ele terminou, acho que fiquei tão absorta com a história que ficou com um gostinho de quero mais, ainda assim acho que ficou faltando um desfecho mais detalhado, mas isso não é nada que tenha prejudicado a leitura. Não tiveram pontas soltas, nem nada que me fizesse querer desistir, apesar de que em algumas partes (talvez fosse apenas por culpa de uma momentânea desatenção) eu tivesse de ler algo várias vezes para um entendimento completo. O livro é realmente ótimo e, com certeza, ideal para quem ama um romance policial.


Frases do Livro
  •   Vocês está fazendo isso parecer muito fácil, considerando como tem cuidado de si mesma até hoje. Como se realmente não soubesse do que está falando. Como se estivesse apenas desejando que isso aconteça. E quando não acontecer, o chão vai se erguer e esmagar você. (pag. 64)
  •  Um céu repleto de nuvens selava o horizonte, e senti como se fôssemos insetos rastejando plea borda do mundo. O que éramos, de certa forma. (pag. 65)
  • Você não sobrevive a certas experiências, e, depois delas, não existe mais de forma plena, apesar de não ter morrido. (pag. 69)
  • Ela dizia que ficávamos melhor quando não éramos sérios, que não havia sentido em levar as coisas a sério. Acho que nunca acreditei nela de verdade. (pag. 83)
  • Descobri que todas as pessoas fracas compartilham uma obsessão básica: elas se fixam na ideia de satisfação. Em qualquer lugar a que você vá, homens e mulheres são como corvos atraídos por objetos brilhantes. Para alguns, esses objetos brilhantes são outras pessoas - e seria melhor ser viciado em drogas. (pag. 88)
  • O problema com o suicídio é que quando alguém chega a esse ponto, o estrago já está feito. (pag. 92)
  • Nunca fui outra coisa além de confusão. (pag. 98)
  • A loucura de algumas pessoas é pior do que as outras. (pag. 130)
  • Você sabe como é. Algumas pessoas. Algo acontece com elas. Normalmente, quando são jovens. E elas nunca superam. (pag. 174)
  • O passado não é real. É apenas uma daquelas ideias que você tem e pensa que é real. O passado não existe. (pag. 204)
Resenhado por Amanda Oliveira.